Foto: EVANDER PORTILHO

               Tem um lugar que aprendi a acessar quando o mundo parece rápido demais. Santa respiração que aprendemos a usar no instante que viemos para este mundo e que esquecemos do poder que ela tem em colocar as coisas no lugar. Usei muito quando fui atleta e esqueci tantas outras vezes no turbilhão das entregas do mundo corporativo. E, talvez tenha sido por tantas vezes que senti o esgotamento no meu corpo, ou por querer a sabedoria daqueles que falam lindamente com pausas, que aprendi a olhar com mais carinho para tudo aquilo que me faz acalmar.

               Tenho muitos amigos que acham que eu sou rápida demais. Tenho uma tia inclusive, que me inspira muito, que diz que é calma, mas também é agitada. Talvez isso explique muita coisa…. Mas o fato é que em vários momentos da minha vida, pessoal e profissional, percebi que aquelas pessoas que respiram, que acalmam, que caminham e não correm são as que eu mais gostava de estar. E claro, observei essa característica em tantos líderes que carrego como referência, e não podia faltar todos os professores que têm um tempo de palco que eu admiro. “Sustentar o silêncio” como diria uma grande parceira e consultora em gestão de pessoas, prof.a Talita Cordeiro, que ensina de forma brilhante em suas aulas.

               E para além da sala de aula e dos treinamentos, que percebo, no momento, o esforço consciente que preciso fazer para não atropelar o tempo do outro. Também quando atuo com o meu time vejo o quanto o meu acalmar traz base para seguirmos. E é uma competência que falamos muito pouco com a liderança. A importância de saber ler o tempo, o seu, o do outro e não reagir simplesmente, e que muitas vezes está no não agir. Reflexão esta que de novo me chama a atenção com aqueles que atendo e que sabem o poder que a calma traz para as relações.  Que tem paciência, que respiram, que refletem, analisam, que não dão respostas na hora, de bate e pronto. Líderes que sabem que nem tudo está a um clique de distância. E que a vida, e principalmente as relações precisam de tempo.

               Lembro de um chefe que eu tive que uma vez me disse, você tem tempo, não precisa responder a tudo correndo. Oh sabedoria!!! E eu que achava que ganhava quem chegava mais rápido. E hoje, quando vou falar de agilidade nas organizações reforço que não é sobre correr, é sobre aprender. E por isso tenho cada vez mais percebido e me esforçado, confesso que muitas vezes ainda atropelo, para silenciar, respirar, acalmar. Para reagir prontamente para ouvir o outro, acolher, abraçar. Para desligar todas as tecnologias que nos chamam e estar ali de corpo, alma e coração presentes. Para verdadeiramente, usar a respiração e acalmar não só a mim, mas as relações que são tão preciosas.

               Nesta loucura de mundo acelerado que estamos vivendo, feliz eu sou em não precisar mais sair correndo, em poder caminhar, em saber que o tempo está a meu favor e não contra. E que podemos liderar e ensinar não porque somos mais rápidos em responder, mas porque somos mais atentos ao ouvir, porque conseguimos no meio do caos usar a respiração para silenciar e ajudar o outro, e a nós mesmos, a dar mais um passo além sem quebrar, sem passar dos limites, sem atropelar. E que temos tempo inclusive, e especialmente, para abraçar todas as relações que são construídas, não a um clique, mas pelo passar do tempo. 😊

Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊