Foto: MATHEUS COSTATO registro no TEMPLO DO SER em ILHA BELA

 

É pelo emocionar que nós mudamos o mundo. Demorei para entender o que Humberto Maturana queria dizer com isso. Fiquei alguns dias pensando, processando, voltando na história, no rastro das emoções que ficam registradas no corpo. E nas transformações organizacionais que tive e tenho a felicidade de participar.

               Mudar nunca é fácil, porque realmente não está na razão. Está naqueles lugares que muitas vezes não queremos acessar porque provavelmente doeu e aprendemos, de forma tão inteligente, a nos proteger. Então, como vamos abrir de novo essa porta, como vamos confiar, entregar, nos permitir sentir diferente? Mas é só por meio delas, das emoções que processamos, ressignificamos, mudamos a vida, as organizações e o mundo.

               Sábio Maturana que me chocou quando trouxe que a transformação da cultura estava no emocionar. Que primeiro elas, as emoções e depois a ação e claro, as explicações racionais que insistimos em usar. É, não tem mesmo como não falar, nomear, compartilhar, chorar junto. Quem foi que ensinou a gente a engolir o choro? Será que tinha tanto medo de transformar o mundo? Ou será que estava só se protegendo de quem percebeu o poder que elas, as emoções têm?

               Então, de ciclos em ciclos, de gerações em gerações, o nosso emocionar que é transformado em ação é o que vai influenciar as novas gerações. São as nossas emoções que vão contar novas histórias para quem vem depois. E aí, que delícia, caminho sem volta, quanto mais houver espaço para sentir, falar, reconhecer, compartilhar, sem medo de saber que é pelo emocionar que nos ligamos. E só conseguimos que essa magia aconteça, que nos conectemos verdadeiramente ao outro, quando a gente deixa a emoção transbordar. E, pasme, aquelas que mais doem, as famosas vulnerabilidades, são as que mais nos ligam. Então, pode abrir o peito, com medo mesmo, pode desaguar. Deixe o choro curar, deixe o medo ir. Porque, não, não são as barreiras que criamos, da crítica, do bullying, do julgamento, que vão nos conectar.

               Bora?! Vamos derreter, rir, chorar, deixar a emoção tomar conta e saber o que ela quer te dizer, que necessidade está ali por trás de cada lágrima, frio na barriga, riso, suspiro, arrepio. Nada de trancar, esconder, fingir. São elas que vão permitir a gente a transformar esse mundão, encher de flores, de amor, de harmonia e de paz. Deixa as emoções contarem o que a gente ainda não conseguiu racionalizar. Deixe-as, as emoções, contarem a história. Aquelas mais lindas que tiveram momentos de dúvida, de medo, de tristeza, de dor, mas que foram acolhidas, porque sempre teve alguém que estendeu a mão, que deu colo, que acreditou. Bora?! Para criar conexões que vão fortalecer, unir, quebrar as barreiras. Vamos, vamos mudar definitivamente o mundo? O meu, o seu, o nosso e de tantas organizações que vão sim mudar a energia desse planetinha? Pode vir emoção, estamos prontos para sentir, compartilhar, acolher, falar, contar e contaminar! 🙏😉

Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊