Foto: EVANDER PORTILHO

Aprendi com Otto Scharmer que tem um ponto lá embaixo da teoria U que liga o passado e o futuro. Teoria linda que nos ajuda a imaginar uma tela em branco e só sentir, antes de começar a projetar o que está por vir. Mas, essa tela em branco tem como pano de fundo tudo o que já passou, quase como uma memória registrada em todas as nossas células que nos fazem saber exatamente o passo a ser dado mesmo quando o que está por vir parecer assustador.

Teoria linda que o autor apresenta para as organizações para dizer que tem um lugar único, e mais importante do que analisar o passado e projetar o futuro, que é o agir no presente. Na verdade este é o único tempo que existe, o tempo presente. E ele é tão mágico que a gente só consegue acessar quando nós realmente paramos de oscilar, aqui dentro, naquela confusão de pensamentos, murmurando entre o que passou ou se pré-ocupando com o que está por vir. Mas nossa, como é difícil silenciar essa máquina incrível que idolatramos por sermos seres racionais. Será que a máquina está no comando? Será que demos tanto poder à nossa racionalidade que não usamos todos os outros instrumentos que nos conectam com as coisas que não conseguimos explicar?

O convite para ouvir a nossa intuição no tempo presente só é possível quando realmente silenciamos a mente e mergulhamos no aqui e no agora. Não há espaço para ouvir nada se está tudo repleto com os sons do passado que ecoam nos anseios do que está por vir. E é só neste lugar mágico que vivemos. É só no presente que existimos, então por que insistimos em não ocupar este espaço? Porque insistimos em deixar que esta cadeira fique cheia de outras coisas, outros pensamentos, outras pré-ocupações. Por que não nos sentamos verdadeiramente nesta cadeira?

Sim! Desliga! O convite para ouvir o próprio silencio está em silenciar o mundo todo lá de fora e aqui de dentro. Temos todas as respostas dentro de nós! Mas na ânsia de sermos tão performáticos, ah tem outro autor incrível, Byung-Chul Han, que vem chacoalhar a vida e dizer que somos a sociedade do cansaço. Sim! Na busca pela melhor performance da vida não contemplamos, não temos agenda para ser, para só viver, como me ensinou uma grande amiga. Temos sempre que estarmos ocupados ou pré-ocupados de trabalho, de redes sociais, de boletos a pagar, de mais dívidas a fazer e objetivos a atingir, que sem tudo isso não existimos. Será?

E nesses tempos em que a morte tem batido a nossa porta tão perto, nos chamando para relembrarmos que o único momento é o agora, pare! Desconecte! Viva! Contemple! Só seja!!! Vamos receber este presente!!!! Viver no aqui e no agora, deixe a tela em branco aí, o agir pode ser contemplar também, o agir pode ser não fazer nada e silenciar a mente, o agir pode ser só sentir, só usar os outros recursos infinitos que o nosso corpo nos dá! Perceba não só pela razão, mas por todas as emoções e sensações sobre o que você, eu, as organizações, precisamos para simplesmente ser e viver PRESENTE! 😉

Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊