Foto: EVANDER PORTILHO
Não tem como negar a influência das olimpíadas na nossa vida. Mesmo para aqueles que nunca se arriscaram em algum esporte, ver os atletas como verdadeiros heróis e heroínas, superando todos os limites é como voltar no tempo e reviver em nossa memória ancestral as histórias de superação e de glória para que estejamos hoje aqui celebrando a vida. E dessa janela de expectadores que ficamos assistindo de camarote, no conforto do nosso sofá, que não consigo parar de pensar em todo o desconforto que esses heróis e heroínas passaram para chegar ao podium da vida consagrada com uma medalha no peito.
Gosto de dizer para os líderes que aqueles que vão mais longe são os que tem mais dor, mais incomodo, mais desconforto. Como os artistas, aqueles que tem uma grande incongruência interna, talvez uma genialidade, uma enorme inadequação às regras e normas estabelecidas, uma ausência, necessidade não atendida, dor mesmo (física, emocional, quem sabe?!) são aqueles que colocam para fora as artes mais incríveis, os resultados mais surpreendentes, as ideias mais ousadas. Também não posso deixar de dizer que nessa luta por superar o desconforto tem uma pitada enorme de resiliência, aquele estado que a física diz que um corpo tem de se desfazer de seu estado inicial e voltar, como se nada tivesse acontecido. E de persistência, o todo dia de novo, e de novo, e de novo. Ah como esses atletas ensinam tanto sobre o que significa vencer na vida, ter sucesso nas relações e superar os próprios limites para ser melhor do que você mesmo a cada dia.
Do desconforto que todos nós passamos e que queremos nos livrar, algumas pessoas param, analisam, montam estratégias e voltam inúmeras vezes até que aquela dor não limite mais. E o esporte nos mostra com tanta beleza esse ensinamento de que para chegar lá em cima do podium, para ganhar alguma medalha, a jornada, que pouco se fala, que muitos desistem e que outros nem tentam não é transmitida nem vangloriada. Quem vê da telinha a vitória, seja no esporte, na vida, nas organizações, não vê as inúmeras horas de treino, suor, lágrimas, dor, vontade de desistir e muita superação, todo dia, com consistência, entrega, obstinação que faz com que quem assista ache que é simples. E é mesmo, a fórmula é bem simples: querer, fazer, e fazer, e fazer, tantas quantas forem necessárias, até que você atinja o objetivo ou supere como parece ser um passe de mágica, uma dança, um ponto, um gol.
Da sabedoria de ler além das fake news que querem vender apenas o instante, o clique, o impulso, a beleza está em cada passo dado, torto, errado, doido, quebrado, que cada um se propôs, foi com dor, com medo, com vontade de desistir, mas foi. Foi para ser melhor para si e para mostrar para o mundo que para subir no podium da vida, da liderança, das organizações, não vai ser em um clique, não vai ser sem desconforto. A vida daqueles que contam o instante da felicidade plena de uma final, um segundo ou um milésimo é feita de muitos outros instantes que perdemos as contas de quantas foram as tentativas e todos os muitos erros que passaram. Mas que foram ficando menores e menores até parecerem imperceptíveis para os olhares desatentos.
A beleza e sabedoria que esses heróis e heroínas do esporte nos ensinam está em voltarmos para a nossa realidade e olharmos com carinho para todas as vezes que pensamos em desistir, que não demos um passo por nos sentirmos um pouco desconfortáveis, não experimentamos o nosso melhor porque a dor ou o medo nos travou, e deixamos então de sermos extraordinários por não nos permitirmos sentir e superar os nossos próprios limites. Que os atletas continuem iluminando e inspirando todos nós a sermos um pouquinho melhores todos os dias! 😊
Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊
Ótimo texto, Paula! Os americanos dizem: “no pain, no gain”, nós costumamos dizer: “o povo vê as pingas que eu bebo mas não vê os tombos que eu levo”… rsrs, brincadeiras a parte, tudo tem a ver com foco, vontade, determinação, resiliência, esforço planejado, maximizar seus talentos e, claro, apoio e orientação de um Líder / Coach / Mentor. Pode ser simples essa receita, mas não é fácil obter o resultado desejado!
o chefe eterno!!!! continuo aprendendo muito com vc, especialmente toda vez que tenho que ser mais resiliente do que eu consigo! 🙂