Foto: EVANDER PORTILHO

              Eu, ser entusiasta da humanidade que sou, não sei entrar em uma relação com um pé só. Mas, como diria o ditado…gato escaldado tem medo de água fria. Será mesmo? Será que a vida vai nos deixando tão calejados a ponto de perdermos completamente a confiança que nos faz sermos demasiadamente humanos?

               Gosto de pensar no pulsar da vida, seja ela na nossa mesma ou nas organizações. Existe uma lógica de confiança, de entrega que faz com que a esta siga seu rumo. Mesmo com tantos dessabores, com tantas expectativas frustradas, puxões de tapete, traições, mesmo com todas as dores causadas, ainda assim confiamos. Confiamos porque precisamos, confiamos porque vivemos em rede, em comunidade, confiamos porque verdadeiramente precisamos do outro.

               Confiamos porque nascemos e fomos nutridos por um corpo, que se abriu para que pudéssemos ter tudo o que precisássemos para existir. Mesmo com toda a nossa tecnologia ainda não conheço nenhum ser que não tenha habitado o corpo de uma mulher para poder existir neste mundo. E essa certeza de que a vida será plena, próspera, abundante, nos foi ensinada lindamente por este corpo de mulher, que acolheu, nutriu, gestou e permitiu morada durante uma longa gestação. Então, em qual momento deixamos de confiar? No momento no qual aquilo que foi dito não foi cumprido? Ou no momento de desalinhamento de sonhos, expectativas, ideias e projetos compartilhados?

               Para aqueles que gostam da teoria, Stephen Covey traz uma fórmula sobre a confiança. Ela tem vetores, escala, métrica. Consigo nomear e dizer exatamente qual a razão lógica, cartesiana, que este processo, que mexeu de forma profunda com as minhas emoções, foi abalado. Mas, na mesma lógica que nos entregamos ao mistério da vida, o tempo também faz o seu papel e nos diz, entregue, confie, solte esse controle, porque a confiança não é um evento único, ela precisa de tempo, de espaço, da qualidade de convivência entre as partes para que se possa minimizar os erros e acreditar na perenidade da vida e na verdadeira construção das relações. 😉

Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊