Foto: Edu Fragoso
Ah os aprendizados da vida adulta… Por que nos cobramos tanto por resultados? Por que achamos que a única forma de ter sucesso está em sempre em dar um passo a mais? A sabedoria dos anos nos ajudam a redimensionar esse tal ‘sucesso’. Então lembrei do livro do autor Byung-Chul Han que apresenta ‘a sociedade do cansaço’. Será que temos sempre que performar em tudo, em todas as áreas, ser mais que perfeitos que esquecemos dos nossos limites, de celebrar conquistas, elaborar perdas ou simplesmente sentir prazer nas pequenas atividades do nosso dia?
E para aqueles que acreditam que o céu é o limite, me respaldo na experiência de tantos atletas profissionais (e na minha própria ☹) que atingiram muitas vezes resultados acima da média. Quando a obrigação, o peso, a responsabilidade em entregar um resultado, fazer um número, ganhar um campeonato inibem o prazer, a satisfação, a alegria que se tem em realizar determinada atividade, é aí que começa o declínio. Também chamado de queda de performance, razões para se perder um jogo ou o famoso Burnout. Mas como saber qual é a medida de parar? De diminuir o ritmo, de viver no tempo presente e curtir o processo?
Por tantas vezes fui questionada por querer levar mais leveza e diversão para o ambiente de trabalho. Não entendia ao certo, mas de forma bastante genuína ou talvez ingênua, achava aquele excesso de responsabilidade, de dureza, algo descabido. Confesso que tive que me enquadrar tantas vezes para a partir daí deixar a leveza fluir. Subir no salto, falar a língua, não contar piadas. Comprei briga por ir de tênis e ser avaliada por isso, e já ouvi tantas vezes “Você é séria no trabalho?”. Ah, a facilidade que eu tenho em quebrar o gelo em situações muito tensas vem, sem dúvidas, da minha vontade em me sentir mais à vontade naquela situação. E que eu aprendi rapidamente que nos lugares onde eu posso me divertir, que o trabalho flui muito melhor, que eu ganho o jogo de forma bastante consciente sem deixar de ter responsabilidade com a entrega, de saber o meu papel e do momento em que o tom sério precisa ser utilizado.
Hoje tenho mais clareza da importância dos ambientes mais livres. Da felicidade de quem trabalha onde se sente seguro para gostar do que faz, fazer cada vez melhor porque não tem medo da crítica que vem do erro. Afinal passamos muitas horas do nosso dia trabalhando. Também percebo quando o excesso de responsabilidade captura minha entrega. Faz com que eu literalmente perca o jogo. Mas como todo aprendiz, os momentos de frustração também são aprendizados. Competir dá frio na barriga, testa os limites e faz com que duvidemos do nosso valor e da nossa capacidade de entrega. Então, para nunca mais esquecer, a leveza está em se permitir brincar, testar, experimentar…para poder fazer quantas vezes forem necessárias antes de subir no palco. Para mim a diversão no trabalho é sem dúvida o fator essencial para que a vida seja mais leve! 😉
Paula Foroni tem pesquisado e reaprendido todos os dias com líderes, times e organizações. Facilitadora em projetos de transformação organizacional. Eterna aluna, hoje está sentada na cadeira do doutorado em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo para fazer muitas perguntas e, quem sabe, descobrir novos caminhos. 😊
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